Lá se vão 50 anos. O tempo passou, mas eles nem precisam fechar os olhos para lembrar daquele dia que entrou para a história do basquete e do esporte nacional. Era dia 25 de maio de 1963 e o Brasil tinha pela frente os Estados Unidos na decisão do Campeonato Mundial de Basquete. Venceu e foi bicampeão mundial, no Maracanãzinho, um momento que os campeões recordam com emoção às vésperas do aniversário da data inesquecível (assista ao vídeo).
Alguns deles voltaram ao local da conquista para relembrar o feito, recheado de histórias que vão muito além do que fizeram os 12 comandados de Togo Renan Soares, o Kanela, em quadra. O Brasil começou a ganhar aquele troféu ao perder, pouco antes do Mundial, a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos justamente para os EUA, em São Paulo. Com a derrota engasgada, eles iniciaram o Mundial e conseguiram dar o troco nos americanos.
Os cabelos brancos brancos demonstram que o tempo passou, mas os ex-atletas, hoje senhores, voltam a ser meninos ao olhar para trás e relembrar a partida. Luiz Cláudio Menon era um garoto, de 19 anos, e dividia a quadra com seus ídolos. Aquela medalha foi só o começo para o ala/pivô. Além de construir uma carreira de sucesso, ele foi o porta-bandeira brasileiro nas Olimpíadas de Munique, em 1972, e ainda conciliou a carreira com os estudos na faculdade de Medicina. É como médico que ele explica os "sintomas" causados pela conquista.
- A gente teve a oportunidade de vivenciar emoções que eu, como médico, poderia dizer as manifestações adrenérgicas, da adrenalina, boca seca, palidez, palpitação, sudorese intensa, era o que mais a gente sentia. É uma emoção estar revivendo, neste momento, as sensações prazerosas que vivemos 50 anos atrás - disse.
O time tinha outros 11 jogadores: Amaury Pasos, Antônio Sucar, Benedicto
Tortelli (Paulista), Carlos Massoni (Mosquito), Friedrich Braun (Fritz), Jatyr
Schall, Vitor Mirshauswka, Wlamir Marques, Ubiratan Maciel, Rosa Branca e
Waldemar Blatkauskas - os três últimos já faleceram.
Maracanãzinho guarda as
lembranças
Menon,
Amaury, Jatyr, Fritz e Paulista voltaram ao Maracanãzinho e mostraram que
guardam, na memória, cada detalhe daquele time. As lembranças estão em toda
parte e fazem lembrar também o trajeto do hotel onde a seleção ficava
concentrada até o ginásio. O aquecimento começava na Kombi, com muita música,
muitas delas paródias.
-
Com essa cantoria e brincadeiras, o pessoal entrava relaxado na quadra. Foi
fundamental - considerou Fritz.
Para
alguns, nem o clima descontraído diminuía a ansiedade. Amaury, que foi uma das
estrelas da seleção bicampeã e cestinha do mundial, com 110 pontos, só queria
saber de entrar em cena.
- Eu ficava um pouco
ansioso pra entrar na quadra e jogar. Queria logo resolver. Chegava a perder 4
kg, precisava de soro. Descansava para poder jogar no dia seguinte - disse.
Só
não faltou energia para ajudar o Brasil e comemorar o título, com o grupo e com
a torcida, que lotou o ginásio e invadiu a quadra para festejar com os heróis.
Diante das arquibancadas vazias, Amaury parece sentir o calor do dia 25 de
maio de 1963.
-
Nos últimos três jogos essa parte estava tomada por gente pendurada. Você
olhava e pareciam macaquinhos em cima da árvore, em toda a volta.
A festa foi grande e inesquecível, com direito a reconhecimento do presidente
na época, João Goulart. O título nunca deixou de ser assunto para os campeões e
os amantes do basquete brasileiro. Hoje, às vésperas do aniversário de 50 anos
da conquista, eles querem mais do que relembrar: querem compartilhar as emoções
e os detalhes da conquista com quem não viveu aquele momento e recuperar
histórias de uma época em que os registros eram bem mais limitados.
- É muito gratificante a
gente se olhar e dizer: poxa vida, sou campeão do mundo. Tem até um neto meu
que diz: vô, sou campeão do mundo. É uma coisa muito importante - considerou o
campeão Paulista.
Detalhes
desta história foram destaque na programação do SporTV durante a semana. O
especial, que começou a ser exibido nesta segunda-feira, seguiu até sexta-feira
no SporTV News edição manhã. O SporTV News
edição noite também exibiu matérias especiais sobre o bi mundial de quarta a
sexta-feira.