José Neto
não é um personagem inexperiente no basquete nacional. O técnico já é conhecido
há muito tempo no meio, com trabalhos importantes no Paulistano (onde revelou o
armador Marcelinho Huertas) e na Seleção Brasileira, tanto de base como na
adulta. Porém, o primeiro contato do profissional com o NBB só aconteceu na
temporada passada, com o Cia do Terno/Romaço/Joinville. A campanha do time
catarinense foi surpreendente, chegando às quartas de final, quase desbancando
o favorito Pinheiros/SKY para chegar às semifinais. Esse desempenho rendeu ao
treinador aquela que pode ser tratada como a grande oportunidade da carreira
dele: comandar o Flamengo.
O próprio
Neto reconhece que sempre foi um técnico de times que comiam pelas beiradas,
que não chamavam muita atenção e apareciam com destaque quando ninguém
esperava. Desta vez, o treinador sente pela primeira vez a sensação de estar em
uma equipe que salta aos olhos de todos, seja pela tradição do clube, seja
pelas contratações de renome feitas pelos rubro-negros.
“Quem
conhece minha história, sabe por onde passei. Eu sempre dirigi times que
surpreenderam durante a temporada. Essa sempre foi a principal característica
do meu trabalho. Agora, no Flamengo, a história vai ser diferente. A conotação
é diferente, vai ser a minha primeira oportunidade em um time que começa já com
chances de título”, disse.
O cenário
é novo, encanta os olhos, mas não cega Neto, que não se deixa levar pelo
momento e não perde o contato com a realidade. “Eu sempre vou manter o meu pé
no chão. Ninguém ganha nada de véspera no basquete. Vamos sempre nos lembrar do
Brasília, que é uma equipe fortíssima, dos times paulistas, do Uberlândia. Não
consigo ver o Flamengo como um favorito disparado, mas é uma equipe forte, com
condições de disputar todos os títulos que for disputar”, declarou.
Com
jogadores como Marquinhos, Marcelinho, Olivinha, Benite, Kojo, Shilton, Caio
Torres e Duda, o elenco do Flamengo é reconhecido como Neto como o melhor que
terá à disposição em toda a carreira. “Tive um elenco muito bom no Paulistano,
mas em experiência e qualidade, esse do Flamengo supera”, afirmou. Mas como se
trata de um grupo cheio de jogadores que acabaram de chegar ao clube
rubro-negro, será necessário um tempo de adaptação dos atletas com o estilo de
trabalho do treinador e vice-versa. Quanto menor esse período, melhor.
E é aí em
que Neto revela uma estratégia para minimizar esse processo. A contratação de
jogadores que já jogavam juntos, como Marquinhos e Olivinha no Pinheiros e Kojo
e Shilton no Joinville, pode parecer coincidência. Mas não foi. Trata-se de
algo muito bem pensado e planejado. “Uma coisa muito importante que penso todos
os dias é em fazer um elenco virar uma grande equipe. Pensando nisso, uma das
estratégias que adotamos foi essa. tenho jogadores de qualidade que podem
acelerar essa adaptação. Eu também levei comigo o Diego Falcão (preparador
físico), que está trabalhando há anos comigo. Isso ajuda a minimizar o tempo de
adaptação”, explicou.
Diego já
está trabalhando nos treinos do Flamengo, mas Neto só assumirá a equipe no dia
3 de setembro, mesmo dia em que Marquinhos, Marcelinho e Caio Torres voltarão
aos treinos. Assim como os jogadores, o técnico esteve nas Olimpíadas, como
assistente técnico de Rubén Magnano na Seleção Brasileira. Como emendou o fim
do trabalho com o Joinville no NBB com o início da preparação olímpica, não teve
tempo para preparar detalhes de sua mudança para o Rio de Janeiro. “É um
período muito chato, ter de se mudar, trocar a matrícula da escola dos meus
filhos, levar as nossas coisas. Eu preferia estar com meu time (risos)”,
brincou.
Lógico
que Neto também aproveita esse período longe das quadras para curtir a família,
mas o treinador, ao contrário do que acha no caso dos jogadores, em que
concorda com um grande tempo de descanso, diz não precisar de tanta folga.
“Estou me dedicando à minha família, ficamos muito tempo fora, mas não é
necessário tirar algo parecido com férias agora”, ressaltou.
E Neto
está bem ansioso para voltar e iniciar o comando do Flamengo, inclusive
implantando o que aprendeu nas Olimpíadas. “Não é copiar, é bom se basear em
coisas boas para usar como exemplo. No Joinville eu já usava muita coisa que
aprendi nesses anos com a seleção. Procuro pegar ideias de jogo, propostas, e
adaptá-las ao time em que estou trabalhando. Essas experiências são boas para
aumentar a nossa bagagem. É um celeiro de ideias”, concluiu.
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